“Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo
admite que Volta a Portugal de 2021 pode ficar sem
vencedor”
Delmino Pereira comenta caso de Amaro Antunes, que lhe
viu ser retirada a conquista por doping

Por:
Lusa
Foto: Pedro Catarino
Delmino
Pereira disse a Federação Portuguesa de Ciclismo irá
"avaliar a melhor forma"
de retificar resultados, após Amaro Antunes
ter perdido a Volta de 2021 por doping, não excluindo a
hipótese de deixar o palmarés sem vencedor.
"Dada esta quantidade de
casos e estes processos que estão todos a decorrer, com
implicações em resultados de provas importantes, iremos
avaliar a melhor forma de decidir o que fazer com as
retificações dos resultados", começou por
dizer à Lusa.
O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC)
pronunciava-se após a União Ciclista Internacional (UCI)
ter suspendido Amaro Antunes, antigo ciclista da W52-FC
Porto, por quatro anos por
"uso de métodos proibidos e/ou substâncias proibidas",
e ter retirado ao algarvio, entre outros resultados, a
vitória na Volta a Portugal de 2021 e o quinto lugar da
geral da Volta ao Algarve de 2017, na qual ganhou uma
etapa.
No entanto, Delmino Pereira recordou que
"existem outros casos"
em avaliação, nomeadamente as Voltas conquistadas por
Raúl Alarcón (2017 e 2018), desclassificado também por
anomalias no passaporte biológico, e que a UCI atribuiu
a Antunes (2017) e Joni Brandão (2018), arguido no
âmbito da operação 'Prova
Limpa' e que ainda aguarda pela conclusão
do seu processo na justiça desportiva.
"Tudo isto tem muitas
implicações noutros resultados, não é só na Volta a
Portugal. Será alvo de uma análise cuidada na defesa do
prestígio das Voltas, para não andarmos aqui
permanentemente a mexer em resultados",
garantiu.
Questionado pela Lusa sobre se a FPC contempla a
possibilidade de seguir o exemplo da Volta a França, que
não atribuiu vencedores às sete edições vencidas pelo
norte-americano Lance Armstrong, desapossado das
vitórias e irradiado do desporto devido ao recurso a
métodos e substâncias dopantes, o presidente da FPC
assumiu que "é uma hipótese".
João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo Mestre, Samuel
Caldeira, Daniel Mestre, José Neves e Ricardo Vilela já
suspensos pela Autoridade Antidopagem de Portugal , e
Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães, cujos
processos continuam a decorrer na instância desportiva,
são os antigos corredores da W52-FC Porto constituídos
arguidos no âmbito da operação
'Prova Limpa',
com Daniel Freitas, que representou os
'dragões'
entre 2016 e 2018 a ser o outro ciclista acusado de
tráfico de substâncias e métodos proibidos, enquanto o
processo de Amaro Antunes foi arquivado.
Rodrigues, a cumprir uma suspensão de sete anos, venceu
a Volta a Portugal de 2019 e a Volta ao Algarve de 2021,
enquanto Vinhas foi campeão da prova
'rainha' em
2016 e Ricardo Mestre em 2011 ambos foram suspensos por
três anos pela Autoridade Antidopagem de Portugal.
Já o retirado Amaro Antunes, além de
'herdar' de
Alarcón a Volta de 2017, também conquistou a edição
especial de 2020.
"Classifico isto como uma sequência de problemas graves,
resultado de penalizações graves, apesar de, por outro
lado, também ficar satisfeito por as instituições
estarem a funcionar e pessoas que pensavam que estes
assuntos não iam ser [descobertos], e que iriam
conseguir enganar as pessoas [terem sido castigadas]",
salientou Delmino Pereira.
O presidente da FPC acredita que este é o percurso que o
ciclismo nacional deve seguir.
"Para nós, é um caminho que valorizamos e com o qual
somos totalmente solidários. Somos implacáveis com os
prevaricadores. Por um lado, fico triste, mas por outro
lado fico satisfeito, porque as verdades vêm ao de cima
e não há outro caminho para o futuro da modalidade",
concluiu.
Fonte: Record on-line |